2015-1-21

ARTIGOS

Crónca Fernando Arrobas, MD

A SEQUÊNCIA DENTÁRIA DE FIBONACCI

A filosofia da ciência afirma que o estudo da natureza se torna mais perfeito quanto mais se aproxima da matemática. Esta posição reducionista deixa implícita a ideia de que a linguagem dos números é o dialeto das ciências e, de facto, as ciências matemáticas têm um significado profundo no universo, uma vez que, através de modelos, exibem os princípios que lhe são impostos e demonstram as leis da própria existência.

Crónica Fernando Arrobas, MD

São inúmeros os exemplos da presença misteriosa da matemática na natureza ou da sua utilidade na vida prática.
Talvez um dos mais significativos desses figurinos é a sequência de Fibonacci, desenvolvida por Leonardo de Pisa no século XIII e deixada para a posteridade na sua obra Liber abaci. Inicialmente criada para a solução de um problema fictício de reprodução em coelhos, caracteriza-se pela série de números 0,1,1,2,3,5,8,... Isto é, uma sequência infinita em que cada número seguinte corresponde à soma dos dois anteriores.
Podendo, à primeira vista, parecer uma sequência meramente simples, a verdade é que os números de Fibonacci começaram a ser identificados em diversas propriedades da natureza.
Manifestações tão distintas quanto pétalas de crisântemos, algoritmos de computação, espirais de girassóis, desenho das pinhas ou criptografia para cartões de crédito. Acresce ainda que é a partir da razão dos números de Fibonacci que se obtém o número de ouro 1,618 e, em consequência, a designada Proporção Divina, detetada no Parthenon grego, nos feixes de tinta dos artistas do Renascimento ou mesmo nas guias de diagnóstico de Mondelli em Dentisteria Estética.
E na sequência da dentição, será que existe alguma relação? Embora nunca tenha sido relatada, observe-se com atenção a ordem dentária num quadrante: 0 + 1 Incisivo Central
= 1; 1 + 1 Incisivo Lateral = 2; 2 + 1 Canino = 3; 3 + 2 Pré-molares = 5; 5 + 3 Molares = 8. Tal como a sequência de Fibonacci, cada vez que se soma o valor total da relação anterior com a última parcela, não só uma delas representa a quantidade específica do tipo de dentes que se seguem como se vão obtendo sucessivamente os números mágicos da matemática.
Este exemplo é pequeno demais para se associar esta coincidência com algum tipo de produção divina no sorriso humano. Até porque, entre outros argumentos, noutras espécies de animais esta sequência pode nem sequer se encontrar presente e é clara a tendência de que o oitavo dente se venha a tornar numa estrutura vestigial com tendência para deixar de existir ao longo da evolução. Todavia, tal como referiu Albert Einstein, não deixa de ser impressionante e de fazer pensar como é que a matemática, um produto do pensamento humano e independentemde qualquer experiência, se adapta de uma forma tão perfeita aos diversos objetos da realidade.

Texto: Fernando Arrobas, MD fernando.arrobas@jornaldentistry.pt
Ilustração:Diogo Costa
dcosta_4@msn.com

Recomendado pelos leitores

Diretrizes para  Medicina Dentária  sobre antibióticos
ARTIGOS

Diretrizes para Medicina Dentária sobre antibióticos

LER MAIS

Tratamento gengival após ablação do ritmo cardíaco
ARTIGOS

Tratamento gengival após ablação do ritmo cardíaco

LER MAIS

App projetada para orientação passo a passo em caso de emergência para equipes de medicina dentária
ARTIGOS

App projetada para orientação passo a passo em caso de emergência para equipes de medicina dentária

LER MAIS

Translate:

OJD 116 ABRIL 2024

OJD 116  ABRIL 2024

VER EDIÇÕES ANTERIORES

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.