O JornalDentistry em 2017-11-09

ARTIGOS

Estudo mostra que a diabetes provoca alterações no microbioma oral originando periodontite

Pessoas com diabetes são suscetíveis à periodontite, Nova pesquisa ajuda a explicar como a diabetes desencadeia mudanças no microbioma oral que aceleram a inflamação e o risco de perda óssea

Um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia descobriu que o microbioma oral é afetado pela diabetes, causando uma alteração que aumentar sua patogenicidade. A pesquisa, publicada na revista Cell Host & Microbe de julho 2017, não só mostrou que o microbioma oral de ratos com diabetes se alterou, como  a mudança foi associada ao aumento da inflamação e da perda óssea. 

Apenas quatro anos atrás, a Federação Europeia de Periodontologia e a Academia Americana de Periodontologia emitiram um relatório afirmando que não há provas convincentes de que a diabetes esteja diretamente relacionada a mudanças no microbioma oral. Dana Graves, vice-reitor da Penn's School of Dental Medicine e colegas ficaram céticos e decidiram seguir a questão, usando um modelo de cobaia (rato) que imita a diabetes tipo 2. 

Os pesquisadores começaram por caracterizar o microbioma oral de cobaias diabéticos em comparação com cobaias saudáveis. Descobriram que as cobaias diabéticas possuíam um microbioma oral semelhante aos seus homólogos saudáveis quando foram analisados antes do desenvolvimento de níveis elevados de açúcar no sangue ou hiperglicemia. Mas, uma vez que os ratos diabéticos eram hiperglicémicos, sua microbioma tornou-se distinta de seus companheiros de teste normais, com uma comunidade de bactérias menos diversificada. 

Os ratos diabéticos também apresentavam periodontite, incluindo perda de osso que suporta os dentes e níveis aumentados de IL-17, uma molécula de sinalização importante na resposta imune e inflamação. Aumento dos níveis de IL-17 em humanos estão associados à doença periodontal. 

Segundo Graves as cobaias diabéticas tiveram um comportamento de forma semelhante aos dos humanos que tiveram perda óssea periodontal e aumento da IL-17 causada por uma doença genética. 

As descobertas enfatizaram uma associação entre mudanças no microbioma oral e a periodontite, mas não provaram que as alterações microbianas foram responsáveis pelas doenças. Para explorar a conexão, os pesquisadores transferiram micro-organismos dos ratos diabéticos para ratos com microbioma normais, animais que foram criados sem serem expostos a micróbios. 

Esses ratos recetores também desenvolveram perda óssea. Uma micro copiografia revelou que tinham 42 por cento menos ossos do que os ratos que receberam uma transferência microbiana de ratos normais. Os marcadores de inflamação também aumentaram nos recetores do microbioma diabético oral. 

"Nós fomos capazes de induzir a perda rápida de osso característica do grupo diabético em um grupo normal de animais simplesmente transferindo o microbioma oral”, constatou Graves. 

Com o microbioma envolvida em provocar a periodontite, Graves e os colegas queriam saber como. Suspeitando que as citocinas inflamatórias, e especificamente a IL-17, eram intervenientes, os pesquisadores repetiram as experiências de transferência de microbiomas, injetando esses dadores diabéticos com um anticorpo anti-IL-17 antes da transferência. Os ratos que receberam microbiomas dos rato diabéticos tratados tiveram perda óssea muito menos grave em comparação com os ratos que receberam uma transferência de microbioma a partir de rato não tratados. 

As descobertas demonstram inequivocamente que as mudanças induzidas pela diabetes no microbioma oral provocam mudanças inflamatórias que aumentam a perda óssea na periodontite, escreveram os autores. 

Embora o tratamento com IL-17 tenha sido efetivo na redução da perda óssea nos ratos, é improvável que seja uma estratégia terapêutica razoável em humanos devido ao seu papel fundamental na proteção imunológica. Mas Graves observou que o estudo destaca a importância das pessoas com diabetes de controlarem o açúcar no sangue e praticar uma boa higiene oral. 

"Diabetes é uma das doenças sistémicas mais frequentes. 

Fonte: Universidade da Pensilvânia - ScienceDaily

Artigo original: “Diabetes causes shift in oral microbiome that fosters periodontitis, Penn study finds”

Nota da Redação: 

A diabetes é uma das doenças sistémicas mais frequentes.

— Em 2015, mais de meio milhão o número de crianças com diabetes tipo 1 foram diagnosticadas pela primeira vez.

— Uma em cada 11 pessoas tem diabetes.
— A diabetes acomete com maior frequência os homens.
— Cerca de 215,2 milhões de homens tem a doença, enquanto 199,5 milhões são mulheres.
— Em 2040, a estimativa é 328,4 milhões (H) e 313,3 milhões (M).
— 12% dos gastos globais com saúde estão ligados à diabetes - US$ 673 bilhões
— 1 em 7 recém-nascidos são afetados pela diabetes gestacional.

— Uma pessoa morre de diabetes a cada 6 segundos! (total de 5Milhões de mortes)

— A cada ano 7 milhões de pessoas desenvolvem diabetes – a cada 10 segundos duas pessoas

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