Sonho Perdido

Sonhei que ia ajudar a construir uma profissão eticamente irrepreensível e profissionalmente competente.
Sonhei que a Medicina Dentária seria um exemplo em Portugal e na Europa.
E, falhei!
Por culpa do ensino, que se sustenta aumentando o número de vagas.
Por culpa dos Governos que se estiveram nas tintas para os portugueses e fizeram ouvidos moucos aos nossos apelos para a atempada abertura de
vagas no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Por culpa própria porque deixamos que se instalasse uma competição desenfreada e sem escrúpulos entre os profissionais.
Por culpa das empresas e das seguradoras que viram nos Médicos Dentistas uma mina de ouro para ganhar dinheiro fácil, à custa de humilhantes
salários, e sem se preocuparem com a qualidade dos atos praticados.
E:
Por culpa dos nossos dirigentes que se contentam com pequenas vitórias políticas, que nada acrescentam à desgraçada conjuntura, e tardam a
enfrentar as suas verdadeiras causas, colocando nas “calças rotas da Saúde Oral, remendos de pano podre”.
Vamos pagar, durante muitos anos, a situação que foi criada. Não será numa nem duas gerações que a reversão se fará, mesmo que a consciência
dos factos venha à superfície e imponha a mudança.
Precisamos de dirigentes jovens, com noção clara dos problemas e desprovidos de outros interesses que não os de servir a classe e promover a
saúde dos portugueses.
Precisamos de varrer os lobbies que continuam a minar a Medicina Dentária, sejam eles quais forem.
Precisamos de reestruturar a formação (fechar Faculdades?) e apostar em especializações e pós-graduações, acabando com os “vãos de escada” e
as fraudes académicas.
E, sobretudo!
Precisamos de nos consciencializar que só nós saberemos resolver os nossos problemas, criando condições para “VOLTAR A SONHAR”