O JornalDentistry em 2017-10-03

ENTREVISTA

“A periodontologia é a base de tudo”

A periodontologia ocupa cada vez mais um lugar de destaque entre as principais áreas da medicina dentária. A Dra. Cátia Íris Gonçalves tem sido uma das responsáveis pelo franco crescimento da periodontologia, ao organizar formações onde dá a possibilidade de médicos dentistas, independentemente da sua especialidade, colocarem esta área na sua agenda clínica diária

Dra. Cátia Íris Gonçalves

O JornalDentistry –  Quais as novas data dos cursos “Perio On” e “Perio On Just Tissue”?

Dra. Cátia Íris Gonçalves – O próximo "Perio On" será a 27 janeiro, 17 fevereiro e 10 de março de 2018. A edição "Just Tissue" ainda é filha única, será realizada já nos próximos dias 10, 11 e 12 de novembro. Não temos mais datas, para já. É o primeiro curso Perio On avançado e é muito específico. 

O JornalDentistry – É a primeira edição, ou já se realizou anteriormente? 

Dra. Cátia Íris Gonçalves –  O "Perio On" vem no seguimento dos meus anteriores Cursos Básicos de Periodontologia Clínica, sendo uma versão atualizada e aprimorada daquilo que considero ser essencial para o início da prática clínica em Periodontologia, por parte de um colega generalista ou de outra área. O próprio nome apela a isso, é uma metáfora - liguem o interruptor da Periodontologia! 

A edição "Just Tissue" é nova, surgiu da enorme solicitação que senti, por parte dos colegas, em realizar um curso que abordasse só a manipulação de tecidos moles em redor de dentes e implantes. 

O JornalDentistry – O que a motivou para a realização destes cursos? Entende que fazia falta um evento deste cariz na área da periodontologia?

Dra. Cátia Íris Gonçalves –  No caso do Perio On, que é um curso básico, a minha motivação foi colocar a Periodontologia em destaque no dia-a-dia clínico. É uma área que está em franco crescimento e se tem assumido cada vez mais, felizmente, graças a vários nomes conhecidos na praça que a praticam e preconizam, como parte integrante dos planos de tratamento diários. Foi uma forma de tentar apelar à importância de uma área de intervenção prioritária, relativamente a outras da medicina dentária. A periodontologia é a base de tudo. Sem tecidos de suporte, não há saúde, nem função, nem estética.

O Curso "Just Tissue" foi criado posteriormente, sendo um curso avançado que sai do tronco comum que é o projeto "Perio On", porque muitos colegas me abordavam referindo que gostavam de fazer formação só sobre retalhos e enxertos gengivais. É um tema "quente" atualmente e alguns cursos abordam esta temática de forma pouco profunda, ou pouco prática. Assim, foi mais uma ação de resposta a esta demanda. A minha ideia será dar continuidade a estas formações específicas como parte de todo este "bolo" que é a Periodontologia clínica, área que é riquíssima e tão versátil, criando outras formações Perio On avançadas, em vários subtemas específicos. Há ainda muito para partilhar e aprender.

O JornalDentistry – O que podem os formandos esperar de cada um dos cursos?

Dra. Cátia Íris Gonçalves –  Nenhum curso é exatamente igual, apesar do conteúdo programático seguir temáticas incontornáveis. Vou apresentando casos novos, follow-ups de antigos, tento adequar a informação e a dinâmica aos colegas presentes, às suas realidades e prática clínicas. No entanto, tento ao máximo assegurar que a Periodontologia se torne parte integrante das suas consultas diárias, desfazendo alguns mitos e fornecendo o máximo de informação útil, de dicas que eu gostaria de ter recebido ao longo do meu percurso clínico. Há também uma partilha grande de experiências: aprendo imenso com os meus colegas e saio sempre enriquecida no saber e na parte pessoal.

O JornalDentistry – As competências adquiridas poderão ser aplicadas imediatamente pelo médico dentista na sua prática clínica? Como descreveria a sua curva de aprendizagem?

Dra. Cátia Íris Gonçalves –  Depende muito da prática clínica que os colegas desenvolvam até ao momento: não podemos esperar de um colega que nunca fez cirurgia a mesma rapidez de aprendizagem e desenvoltura manual de outro que já coloca implantes há anos, por exemplo. Mas diria que todos nós temos esta capacidade, chamada de inteligência cinestésica, que faz com que o cérebro consiga comandar as mãos através do raciocínio lógico (que vem da informação teórica) e da aplicação prática desses princípios. Assim, se o primeiro (raciocínio lógico) estiver assegurado, a prática clínica fará o resto. O medo é o nosso pior inimigo, a seguir à irresponsabilidade.

O JornalDentistry – O curso avançado, “Perio On Just Tissue”, conta também com a participação do Dr. Miguel de Melo Costa. Cada um ministrará um módulo ou cada módulo é ministrado por ambos?

Dra. Cátia Íris Gonçalves – Cada módulo é ministrado por ambos. Eu e o Miguel temos abordagens diferentes, filosofias parecidas, mas não exatamente iguais. Essa riqueza de pontos de vista, de técnicas, de formas de resolver situações práticas é essencial e entendo que unidos somos mais fortes. Para mim é uma enorme mais-valia poder contar com um colega experiente como o Miguel, cuja prática clínica é, por vezes, completamente diferente da minha, mas cujo resultado final não sai comprometido. Cada um de nós resolve os casos clínicos de forma diferente, de acordo com a sua experiência - as cabeças e as mãos não funcionam em nós todos de forma igual, bons resultados não têm apenas uma fórmula mágica. E isso é que é bonito de partilhar.

O JornalDentistry – Como está a evoluir a periodontologia e que novas técnicas/tendências estão a marcar esta especialidade, no seu entender?

Dra. Cátia Íris Gonçalves – A periodontologia está a evoluir rapidamente e de uma forma que me deixa orgulhosa. Já somos bastantes a trabalhar nesta área tão importante, que já é uma especialidade reconhecida e a integrá-la nos planos de tratamento multidisciplinares, que é uma luta que sentimos agora estar a dar fruto, mas que muitos anos foi encarada de uma forma quase cega, surda, muda e paralítica. As vozes da periodontologia estão-se a erguer e a dizer aos colegas que é preciso evoluir, diagnosticar, resolver sem "assobiar para o lado". Fazer de conta que o problema não existe é adensá-lo. Não sendo uma área muito apelativa, do ponto de vista financeiro, à primeira vista, é-o relativamente aos problemas que evita e resolve, para garantir a saúde, função e estética a longo prazo. Nem os pacientes querem tratamentos imediatos para comprarem um problema tardio. 

Relativamente às novas técnicas e tendências, o conservadorismo veio para ficar. A cirurgia minimamente invasiva e o uso de ampliação veio trazer uma série de benefícios comprovados clinicamente que nos impelem cada vez mais a uma perfeição extrema, para um bom pós operatório e resultados duradouros, muito menos invasivos e assustadores para o ponto de vista de um paciente. Para além do mais, só conseguimos tratar o que vemos - e, quantas vezes não vemos o que é realmente importante, nesta pequena escala que é o redor de um dente?

 

 

 

Informações:   www.campusclinic.pt       www.campusclinictraining.pt

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