O JornalDentistry em 2016-6-16

ENTREVISTA

"Num futuro próximo teremos em mãos novas superfícies e tratamentos que poderão facilitar a formação de osso em torno dos implantes de titânio"

O MIS Day 2016 levará até ao Auditório de Serralves, no Porto, no dia 22 de outubro, um conjunto de palestras dedicadas à implantologia lideradas pelo Prof. Doutor Nitzan Bichacho, co-inventor do sistema de implantes V3, da MIS.

Prof. Doutor Nitzan Bichacho

Contará também com um reputado painel de oradores portugueses e internacionais. O professor da Universidade de Hebrew, em Jerusalém, terá uma palestra dedicada a
“Planning Predictable Aesthetics in Implant Rehabilitation”

O JornalDentistry - Qual será a mensagem da sua palestra?
Dr. Nitzan Bichacho - Irei destacar as novas perspetivas no que diz respeito à osteointegração e fisiopatologia dos tecidos, tanto duros como moles, em torno de novos implantes, e a forma como devemos compreender o que é importante no design; e, também, aceitar o implante dentro da osteotomia. Irei abordar alguns dos parâmetros mais básicos e cruciais para o sucesso a longo prazo da reabilitação com implantes.
Embora os implantes não sejam a panaceia, são neste momento a melhor solução para substituir os dentes perdidos. E embora existam alguns efeitos adversos que não podem ser endereçados à partida, como a peri-mucosite, peri-implantite e submersão dos implantes no maxilar anterior, em muitos casos ainda há muitos parâmetros que os médicos dentistas devem entender e controlar para que haja maior possibilidade de obter tecidos saudáveis a logo prazo, com resultados estéticos e funcionais.
O conceito do V3 é revolucionário, especialmente no que diz respeito ao seu design.

Como tudo começou?
Chegámos deste modo à conclusão de que o implante circular não é orientado biologicamente.
E depois quando percebemos que podemos ter mais osso onde é mais necessário,
que é numa zona cortical do osso do maxilar, começámos a desenhar e a testar formatos diferentes dos implantes até chegarmos a um formato otimizado, o do V3.
Qual a evidência científica por detrás do conceito V3?
Foram realizados diversos testes mecânicos e de fadiga para cada tamanho do implante, além de múltiplos estudos em animais de pequeno e grande porte que mostraram, de forma clara, que ocorre uma coagulação que permite produzir osso em torno dos pequenos espaços entre o osso e a superfície plana do implante V3. Estamos numa fase em que já não temos dúvidas de que o conceito é válido e já foi totalmente provado.

Quais as caraterísticas-chave do sistema, tanto a nível cirúrgico como protético?
Cirurgicamente não há diferença entre a perfuração para colocação de um implante
comum e o V3. A diferença é que o V3 tem, em cada implante, uma broca final descartável para a osteotomia, desenhada para cada implante de forma a que, após termos criado a osteotomia, a relação entre o implante e a osteotomia seja ideal. Ideal em termos de espaço suficiente para que o sangue circule à volta do implante e, ao mesmo tempo, para que haja uma boa estabilidade inicial, para permitir que o implante seja colocado ou uma provisionalização imediata. Em relação à parte protética, todos os componentes foram desenhados com este perfil de estreita submersão em diferentes alturas de gengiva, até chegar à plataforma
protética.

Existem outras técnicas ou produtos nesta área que gostasse de destacar?
Considero que a medicina dentária em geral, e a implantologia em particular, é um campo em desenvolvimento. Num futuro próximo teremos em mãos novas superfícies, tratamentos que poderão facilitar a formação de osso em torno dos implantes de titânio, talvez até diferentes tipos de materiais para implantes, e, com certeza, outros desenhos, provavelmente baseados na filosofia do conceito V, que permitirão que os médicos dentistas facultem um serviço melhor aos seus pacientes.

Quais os maiores desafios da implantologia e da estética?
O maior desafio não se encontra apenas na implantologia, e não diz somente respeito à estética. Para qualquer médico dentista, trata-se de conseguir resolver todos os problemas de qualquer tipo de tratamento, depois de ter sido definida a meta a alcançar e de ter sido possível controlar todas as variáveis, ou pelo menos a maioria.
O problema dos implantes, no que diz respeito à estética, é que não é possível prever
quando um determinado implante se tornará numa peri-mucosite, ou pior, numa peri-implantite.
Na zona estética há um crescimento alveolar contínuo, juntamente com os dentes
adjacentes, pelo que o implante que fica submerso torna-se mais visível. Temos de compreender estas possibilidades e tentar desenvolver algumas formas de controlar e evitar estas complicações.

O que trará o futuro nesta área?
Gostava bastante que tecidos e materiais naturais pudessem crescer de novo na cavidade oral dos pacientes. Nos casos de perda dentária, não gostaria de ver outras causas para a perda de dentes, como a doença periodontal. Estas doenças não deveriam fazer parte da medicina dentária moderna. Gostaria de tratar maioritariamente casos de trauma, no futuro, e de o fazer da forma mais natural possível em vez de colocar implantes.

Tendo em conta a sua experiência profissional, o que apontaria como essencial para o seu conhecimento?
Temos de ser capazes de planear, de recolher dados, analisar, de executar e de reunir o feedback dos tratamentos, o que não é assim tão fácil. É importante sermos capazes de utilizar o nosso consenso para aumentar o nosso conhecimento, melhorar as nossas capacidades e controlar os nossos egos de modo a colaborar com outros colegas. Ser capaz de utilizar a sua imaginação e ser dedicado à profissão é o que diferencia um grande dentista.

Considerando a evolução da implantologia, muitos consideram o V3 disruptivo, especialmente na implantologia estética. Porquê?
O V3 não é revolucionário apenas na zona estética, mas em tudo, por permitir utilizar as técnicas habituais de colocação de implantes. Devido ao design, existem vários efeitos de foro biológico que ocorrem onde quer que seja colocado. Haverá sempre mais osso ao nível da crista, após a colocação do implante, e melhores possibilidades de reter o volume ósseo a longo prazo. Isto deve-se à biologia, que beneficia da não compressão dos tecidos vitais e permite a neurovascularização e uma formação óssea melhorada em torno da cabeça do implante, principalmente no que diz respeito à crista óssea. Todas essas vantagens conduzem a um maior volume dos tecidos vivos, tanto a nível do osso como das mucosas, o que resulta na possibilidade de haver uma melhor estética. Há assim uma maior probabilidade de se obter uma estética melhor, devido à aparência natural do tecido circundante. No entanto, o V3 é, de facto, um implante para todas as indicações e qualquer região do maxilar superior e mandíbula. Quando se começa a trabalhar com ele, já não se quer trabalhar com outro implante.

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