Diferentes Gerações com aglutinação de visões (Parte II)

A forma algo apaixonada como temos vivido os diferentes temas que envolvem a nossa profissão permitem uma cumplicidade na abordagem de diversas questões laborais. Reconhecemos que há uma evolução positiva na medicina dentária, um avanço aglutinador e interdisciplinar, o qual transparece dignidade a uma classe profissional que já não é apenas vista pela extração dentária ou pelo uso da broca. Há, de facto, uma elevada diferenciação na formação dos Médicos Dentistas, fruto de uma incomensurável aquisição cognitiva, que se deve à ampla transmissão educativa protagonizada pelos qualificados professores que lecionam nas diferentes instituições de ensino superior.
Conheci a Mafalda enquanto docente da FMDUP, no ano de 2013, onde, por indicação do Diretor Doutor Afonso Pinhão Ferreira, fui nomeado para coordenar a Semana das Artes da FMDUP. Interessava motivar os estudantes a interessarem-se por algo mais que apenas a medicina dentária, para além da própria arte que o médico dentista demonstra na realização de um diagnóstico, na planificação de um dado tratamento, bem como na implementação da terapêutica. Tratava-se de valorizar a educação universitária com conhecimentos culturais mais abrangentes, que permitem ao médico dentista uma melhor inserção social e uma vivência mais diversificada e feliz. E, na verdade, muito se tem evoluído desde a época em que o meu avô materno exercia a estomatologia.
Poder conceder aos mais novos a possibilidade de serem bem-sucedidos nesta profissão, apesar das inúmeras dificuldades, deve nortear a missão dos professores e dos colegas. É muito importante ouvirmos e observarmos aqueles que para nós constituem referências na vida e no trabalho. Há docentes, investigadores, colegas e amigos que nos marcam pelos seus valores de humanismo, pela sua audácia e inteligência, pela verticalidade e capacidade de liderança, bem como pelo rigor e perfecionismo com que abraçam as causas. Que os futuros médicos dentistas possam encontrar a razão que os fez sonhar ao abraçar esta profissão. Da minha parte, sinto-me um privilegiado por ter grandes professores e amigos nas mais diversas áreas da saúde, da engenharia, do desporto e das belas artes, que fazem o favor de comigo conviver e de me ajudar. Tentarei, sempre que possível, fazer isso pelos mais novos, para que os seus projetos se possam concretizar.
Do visível ao invisível, como a termografia médica, uma técnica que foi recentemente abordada e escrita resultando na publicação de um livro, farei também os possíveis para juntamente com outros profissionais que trabalham no dia-a-dia, com o intuito de dignificarem a nossa profissão, ajudar em termos de investigação, de formação, bem como membro do conselho geral da nossa Ordem dos Médicos Dentistas debruçar-me em questões de particular relevância para a medicina dentária.
Hoje, posso dizer que me sinto muito honrado por pertencer à terceira geração de profissionais na área da saúde, neto de dois médicos (materno e paterno), bem como filho de médico. Tentarei dar voz e continuar com o meu modesto contributo em duas áreas que me fascinam, como a medicina das artes do espetáculo e a medicina dentária desportiva, perante as inerentes especificidades da nossa profissão. Diria que algumas pessoas trabalham com dedicação, outros nascem com vocação e outros vivem-na com emoção. Se podermos juntar esta três circunstâncias, poderemos começar a sonhar com a perfeição