JornalDentistry em 2025-5-02
Na XXXVI Reunião Científica Anual da Sociedade Portuguesa de Ortodontia e Ortopedia Dento-facial vão participar o Prof. Dr. Cesare Luzi e a Prof. Dra. Patricia Vergara. Leia as entrevistas.
Prof. Dr. Cesare Luzi e Prof. Dra. Patricia Vergara
Em antecipação à realização da XXXVI Reunião Científica Anual da SPODF, O JornalDentistry publica um excerto das entrevistas conduzidas a dois dos principais oradores desta edição: os Prof. Drs. Cesare Luzi, da Universidade de Ferrara, e Patricia Vergara, da Universidade de Cartagena. As conversas completas estão disponíveis nas newsletters de janeiro e abril da SPODF.
Prof. Dr. Cesare Luzi
—O que pensa que irá mudar na ortodontia nos próximosm dez anos e, por outro lado, o que acha que não irá mudar nesse mesmo período?
As ferramentas irão mudar, mas os princípios sólidos de diagnóstico permanecerão. Teremos de ser capazes de usar novas ferramentas e tecnologias da forma correta e a
nosso favor, respeitando os princípios básicos da biologia, do diagnóstico, da biomecânica e do planeamento do tratamento. Devemos evitar tratamentos guiados por aparelhos e modas, que estarão sempre a mudar, abraçando o que é novo, mas sem permitir que qualquer ferramenta determine as nossas escolhas.
— De todas as filosofias de tratamento e sistemas de aparelhos aos quais esteve exposto ao longo da sua carreira profissional, existe algum que tenha resistido ao teste do tempo e que ainda utilize na sua prática clínica?
Muitos aparelhos vão e vêm, enquanto outros vieram para ficar. Os TADs (dispositivos de ancoragem temporária), tema do meu curso, vieram para ficar e, após 20 anos de utilização e muita experiência, tenho a certeza de que se trata apenas de os aplicar nas indicações corretas, para tirar total partido deles nos casos certos, geralmente complexos.
<<As ferramentas irão mudar, mas os princípios sólidos de diagnóstico permanecerão.
Teremos de ser capazes de usar novas ferramentas e tecnologias da forma correta e
a nosso favor, respeitando os princípios básicos da biologia, do diagnóstico>>
— Enquanto especialista em biomecânica, existe uma mudança de paradigma na biomecânica ao tratar casos com alinhadores transparentes?
Acredito que os alinhadores conseguem fornecer forças com facilidade, mas têm dificuldade em fornecer momentos, o que torna difícil o controlo dos movimentos radiculares. Na minha opinião, os attachments são necessários para melhorar esse aspeto, mas, mesmo assim, na nossa prática limitamos o uso de alinhadores a más oclusões ligeiras a moderadas e selecionadas.
Prof. Dra. Patricia Vergara
—O que antevê como tendência na ortodontia atualmente?
O que vejo é que há muitas, muitas pessoas a praticar ortodontia com alinhadores e estão a perder competências manuais, estão a perder oportunidades de imaginar e
desenhar sistemas biomecânicos porque se tornam muito dependentes dos técnicos que os ajudam a desenhar a sua biomecânica.
<<O que vejo é que há muitas, muitas pessoas a praticar ortodontia com alinhadores e estão a perder competências manuais, estão a perder oportunidades de imaginar e desenhar sistemas biomecânicos porque se tornam muito dependentes dos técnicos queos ajudam a desenhar a sua biomecânica>>
—Que conselho daria aos ortodontistas?
Que não existem sistemas inteligentes ou brackets inteligentes — a inteligência está no ortodontista. Não deixem de estudar e treinar. As expectativas dos pacientes são agora muito elevadas, e vejo que há uma grande procura de dois grandes grupos: um que procura sobretudo estética e não se preocupa com a função, e outro muito interessado em não ter dor. Há atualmente muitos pacientes com dor, por isso é preciso estar preparado para tratar estes problemas, que nem todos os ortodontistas sabem tratar.