JornalDentistry em 2023-12-09

CLÍNICA

Somos jovens — comemoração dos 25 anos da Ordem dos Médicos Dentistas

No 32º Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), presidido pelo nosso colega António Cabral, tivemos o privilégio de comemorar um quarto de século de existência da OMD.

Dra. Mónica Pereira Lourenço

Antes de ser ordem, a OMD era a Associação Profissional dos Médicos Dentistas (APMD), e, já nesses tempos, rostos de hoje escreviam a história da medicina dentária.
Cruzei-me nos corredores do congresso com o Professor Manuel Fontes de Carvalho, Presidente da então APMD e, mais tarde, primeiro Bastonário da OMD.
Contou-nos que a sua intervenção na profissão começou nos tempos de faculdade, ainda enquanto estudante de medicina, quando conseguiu, em conjunto com outros estudantes e professores, tomar as rédeas da instituição e influenciar a criação da que viria a ser a primeira faculdade de medicina dentária. Após o 25 de abril de 1974, o caos instalado impossibilitou o controlo do numerus clausus, existindo milhares de alunos de medicina para os quais não havia destino. A medicina dentária foi uma das saídas criadas e o ex-bastonário foi um dos primeiros a optar pelo curso, anos mais tarde.
Quando conhecemos alguém que esteve presente nesta história tão vasta, em cada uma das suas fases e acasos, somos também confrontados com o facto da medicina den- tária ter uma história quase embrionária, de tempo menor que uma vida. Apesar de tudo, somos jovens ambiciosos que procuraram inovar, crescer, construir.
Hoje, olhamos para a Expodentária e vemos centenas de stands, uma imensidão de tecnologias, aparelhos e dispositivos médicos que integram o nosso dia a dia.
Uma das sessões dos temas socioprofissionais com mais participação foi a sessão “Mestrado em medicina dentária, e agora? Caminhos alternativos na medicina dentária”,  organizada pelo Conselho de Jovens Médicos Dentistas, do qual também faço parte. Estiveram presentes a Prof. Inês Guerra Pereira, o Prof. Fernando Arrobas da Silva, a Susana Morgado, a Catarina Duarte, a Inês Pereira - ainda estu- dante e presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina Dentária - e o moderador, Pereira da Costa. Fiquei com a ideia de que, apesar da medicina dentária ser uma sopa primitiva cheia de vida e a borbulhar de novidades e ideias, o ensino não tem acompanhado o seu desenvolvimento. Encontra-se, possivelmente, mais perto do passado do que do futuro, o que é muito estranho quando falo com colegas como o Professor Fontes de Carvalho, que sempre se atualizaram e acompanharam tudo o que é evolução. Os portugueses começaram desde os primeiros anos da sua formação a viajar para congressos internacionais, a compreender e utilizar implantes dentários, a recorrer à endodontia mecanizada, a gerir os seus próprios negócios, a desenvolver os seus próprios produtos.
Como disse o Fernando Arrobas é surpreendente que a Expo esteja cheia de negócios onde não há CEOs médicos dentistas. Tal como temos médicos e farmacêuticos em toda a cadeia de valor de empresas da área da saúde, seja no desenvolvimento de produto, na venda, gestão ou marketing, porque não passamos também a ter médicos dentistas? E acrescento: como continua o nosso ensino tão desatualizado? Sem incluir uma série de vertentes clínicas modernas e a aprendizagem de habilidades adjacentes mas coexistentes à profissão, que nos permitiram optar por ajudar as pessoas de forma mais ampla?
Gostaria de ver as faculdades a seguir o exemplo dos médicos dentistas que as constituem: sendo guias incisivas da modernização e promovendo a reforma do plano curricular.
Talvez seja este o nosso caminho de maturidade.

 

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