O JornalDentistry em 2016-6-01

ENTREVISTA

“A Medicina Dentária portuguesa está a destacar-se a nível mundial em várias áreas de especialidade”

A Dra. Raquel Zita Gomes conquistou o primeiro lugar no concurso de posters do 12º Congresso Internacional da MegaGen. A implantologista conversou com O JornalDentistry sobre esta distinção e o seu significado.

Dra. Raquel Zita Gomes, à direita, com o prémio atribuído pela MegaGen em Moscovo.

A medicina dentária portuguesa está de parabéns. Com um poster sobre um ensaio clínico aleatorizado em pacientes, com colocação de implantes, a Dra. Raquel Zita Gomes distinguiu-se entre 45 trabalhos a concurso, conquistando o primeiro
prémio do 5º Concurso Mundial de Posters, no 12º Congresso Internacional da MegaGen, que decorreu a 16 e 17 de abril em Moscovo.

O JornalDentistry  - O que representa para si ter sido premiada entre 45
posters?

 Dra. Raquel Zita Gomes - Ser premiada entre 45 posters internacionais de elevada qualidade técnica e científica foi um enorme reconhecimento do meu trabalho (clínico e de investigação) e também um grande mérito para a minha equipa e para Portugal.
Porque decidiu submeter o poster em questão e o que o distingue?
Sou “opinion leader” da MegaGen Portugal e membro do MegaGen International Network of Continuous Education (MINE). Tento, por isso, acompanhar os Congressos mundiais desta prestigiada marca, até pela qualidade científica dos mesmos. Como ia ao 12º Congresso Internacional anual da MegaGen e soube que ia decorrer em simultâneo o 5º Concurso Mundial de Posters decidi submeter o “abstract”, que foi aceite. O que distingue o meu poster é o facto de ser um trabalho de investigação com componente clínica em doentes (ensaio clínico aleatorizado) e com resultados práticos muito interessantes.
Como chegou à relação entre a três formas de medição da estabilidade primária, e à consequente previsibilidade?
Como em qualquer trabalho de investigação, as relações suspeitas na hipótese inicial só são confirmadas após o tratamento estatístico dos dados. Os resultados só são estatisticamente significativos se não resultarem do acaso. O tratamento estatístico provou uma forte correlação positiva entre os três fatores de previsão da estabilidade primária implantar: densidade óssea medida no CBCT (Cone Beam Computed Tomography), através do programa Simplant Pro; o torque; e o ISQ (Implant Stability Quotient). Inclusivamente, através de um modelo de regressão linear, conseguimos obter uma fórmula de previsão do ISQ através do valor do torque em cerca de 75 por cento dos casos. A previsibilidade da estabilidade primária
pode ser objetivamente medida através dos valores destes três parâmetros de forma
complementar.
O poster em questão é fruto de quanto tempo de investigação?
Este trabalho é resultado de cerca de três anos de investigação, desde a execução do projeto, submissão à comissão de ética, colocação dos implantes nos pacientes com as respetivas medições e trabalho estatístico e interpretação dos resultados.
O que mais a atrai na investigação?
O que mais me alicia é poder provar aquilo que o meu senso clínico me mostra e criar “guidelines” de forma a que o meu trabalho diário seja sustentado em bases científicas objetivas e não em meros palpites. Além disso, estes dados podem ser utilizados por outros clínicos que com eles podem otimizar o seu trabalho. O contributo científico é algo que perpetua o nosso nome na classe.
— Considera que este é também um reconhecimento importante da elevada qualidade da medicina dentária portuguesa e dos seus profissionais?
Claro que sim. A medicina dentária portuguesa está a destacar-se a nível mundial em
várias áreas de especialidade, tanto clínicas como de investigação. Considero, particularmente, que as novas gerações estão a fazer um excelente trabalho na divulgação internacional do que de melhor se faz na medicina dentária em Portugal.
— Como avalia o seu percurso, até ao momento, e porquê a implantologia?
Acho que tenho feito um percurso sustentado de forma a criar raízes sólidas para o futuro. Fiz pós-graduação, curso de especialização e mestrado na área da implantologia. Estou atualmente na fase final do meu doutoramento, também em implantologia. Tento sempre estar atualizada sobre as últimas inovações e continuar a aprender. O que mais me atrai na implantologia, para além da possibilidade de proporcionar aos pacientes qualidade de vida, é a adrenalina de toda a cirurgia oral e implantologia avançada. Dá-me imenso prazer trabalhar na área cirúrgica.
Como vê a evolução da implantologia a médio prazo? Para onde caminha?
A implantologia está constantemente a evoluir e o que era verdade há uns anos tornou-se obsoleto hoje em dia. Acredito que a implantologia vai evoluir muito mais e que a médio prazo existirão soluções cada vez mais semelhantes ao dente natural. O futuro está na engenharia de tecidos e na imitação da natureza.

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