JornalDentistry em 2025-5-07
O congresso da SPODF aposta na ancoragem esquelética como tema central, destacando-se como ummarco inovador na ortodontia portuguesa. O JornalDentistry falou com o Dr. Carlos Mota, presidente da Comissão Organizadora.
— O tema do congresso deste ano é “Ancoragem Esquelética e a Biomecânica Associada”. Pode especificar melhor a mensagem central e o motivo da escolha deste tema?
O mundo da ortodontia assistiu, nos últimos 25 anos, a uma evolução tremenda no que diz respeito a soluções, quer no campo do diagnóstico, quer no tipo de terapêutica utilizada.
A procura por tratamentos mais rápidos, menos dolorosos e mais estéticos intensificou-se e teve resposta no que diz respeito a soluções em três áreas: a ancoragem esquelética, os sistemas autoligáveis e os alinhadores.
A ancoragem esquelética e a biomecânica associada não são tema recente no campo da ortodontia, mas a sua utilização e importância têm sido crescentes.
É uma solução indispensável, independentemente da técnica utilizada. Assim, logo que fui convidado, não tive qualquer dúvida em escolher este tema, pois considero-o muito pertinente, indispensável na prática clínica e capaz de interessar a todos os que fazem ortodontia.
— Onde e quando se irá realizar o evento? O que oferece o local escolhido para um congresso deste porte?
O congresso vai realizar-se na cidade de Leiria, no Teatro Miguel Franco e Mercado de Santana nos dias 15, 16 e 17 de Maio. O local é fantástico, encontra-se na zona histórica, bem no centro da cidade e tem estacionamento no local.
O jantar do congresso será no Castelo de Leiria. O local do evento permite explorar uma cidade que combina história, cultura e modernidade.
— O que destaca do programa científico como um diferencial desta edição em relação às anteriores?
Penso que é a primeira vez que se realiza em Portugal um congresso dedicado exclusivamente à ancoragem esquelética e à biomecânica associada. O pré-congresso, será um dia completo com o Prof. Dr. Cesare Luzi, que vem de Itália e é reconhecido internacionalmente pelo seu excelente trabalho neste tema.
No congresso, além de excelentes palestrantes internacionais e nacionais, temos a novidade de deixar espaço para palestrantes nacionais, ainda pouco conhecidos, mas
que pensamos irão ser importantes no futuro da ortodontia nacional.
— Quais são os grandes temas atuais na área da ortodontia e ortopedia dento-facial? Considera que esses temas estão bem refletidos no evento e nos cursos pré- -congresso?
A ancoragem esquelética e a forma como pode ser utilizada no tratamento das várias anomalias dento-faciais faz parte dos grandes temas atualmente em discussão.
Vamos debater o seu papel no desenvolvimento transversal da maxila (exclusivamente ancoragem óssea ou osso/dente), a expansão rápida ou lenta da maxila, a utilidade da ancoragem esquelética nas correções sagitais e verticais, e a sua relação com as vias respiratórias.
Outro tema muito atual que vai ser discutido é: os alinhadores já são solução
para todas as anomalias ou os brackets ainda são a melhor opção? No congresso vamos tentar fazer o ponto da situação em relação a estes e outros temas, tendo como objetivo corresponder às expectativas dos participantes.
— Que inovações e avanços mais recentes em ancoragem esquelética e biomecânica associada serão abordados?
A ortodontia está a utilizar todos os recursos digitais disponíveis e a incorporar a inteligência artificial, quer no diagnóstico, quer na terapêutica. Vamos assistir a conferências onde estes recursos são utilizados não só na ancoragem esquelética, nomeadamente no planeamento e confeção de guias, mas confirmar como são ferramentas indispensáveis no planeamento da estratégia a utilizar no tratamento ortodôntico.
Vamos ter conferências abordando a importância da ancoragem esquelética e biomecânica associada nos problemas de desenvolvimento craniofacial e a sua relação com as vias aéreas, nas alterações esqueléticas transversais e sagitais da maxila e da mandibula (distalização de molares superiores vs. avanço mandibular), no controle esquelético das alterações verticais, da importância da ancoragem esquelética na compensação dento-alveolar nas más oclusões graves, entre outros temas. Vai existir um debate sobre se é melhor uma abordagem cirúrgica da expansão maxilar ou uma expansão com recurso a ancoragem esquelética (MARPE versus SARPE).
Além do referido, vamos ver como utilizar a ancoragem esquelética nos tratamentos complexos com recurso a alinhadores.
— Como é que estas técnicas impactam o tratamento ortodôntico e quais os benefícios diretos para os pacientes?
A evolução da ortodontia assenta muito em fazer cada vez melhor, de forma mais rápida, mais confortável e o mais estética possível. A ancoragem esquelética contribui para todos estes itens.
Passou a ser indispensável para quem faz ortodontia convencional, autoligável ou alinhadores.
—O evento é voltado apenas para ortodontistas ou também para outros profissionais da saúde dentária?
O evento é direcionado para os médicos dentistas, estomatologistas, cirurgiões maxilo-faciais, estudantes de medicina dentária, internos de estomatologia. De um modo geral, abrange todos os que se interessam pelo mundo da ortodontia.
— Há incentivo especial para a participação de estudantes e jovens médicos dentistas?
Existe um valor de inscrição reduzido para estudantes, quer estejam ainda nas faculdades, quer frequentem cursos de ortodontia fora das faculdades.
Qual a expectativa em termos de número de participantes?
O Teatro Miguel Franco permite receber cerca de 250 participantes e pensamos atingir estes números.
Os conteúdos apresentados serão disponibilizados posteriormente aos participantes?
Não serão disponibilizados posteriormente, mas estarà disponível online o caderno do congresso com o resumo de todas as conferências.
— Como pode esta reunião impactar a prática clínica da ortodontia em Portugal e internacionalmente?
De entre os principais objetivos da reunião científica, podemos destacar a atualização profissional com as mais recentes propostas e soluções, quer no campo do diagnóstico, como no tratamento das deformidades dento-faciais.
Por outro lado, dar oportunidade aos congressistas de terem conhecimento das últimas novidades disponibilizadas pelas casas comerciais, incentivar as apresentações científicas sob a forma de posters e comunicações livres e promover a sua divulgação.
E ainda posicionar o congresso da SPODF como um evento científico de referência no âmbito nacional e internacional.
Pensamos que em Leiria vamos conseguir atingir todos os objetivos a que nos propomos e assim ter um impacto muito positivo, não só na prática clínica, como
no progresso da ortodontia nacional.