JornalDentistry em 2025-6-21

EDITORIAL

O futuro da Medicina Dentária

Recentemente, a medicina dentária viu homologadas pelo Ministério da Saúde mais três novas especialidades: Endodontia, Prostodontia e Saúde Pública Oral.

Célia Coutinho Alves, DDS, PhD, médica dentista doutorada em periodontologia.

E a 31 de maio tomaram posse as novas direções eleitas dos colégios das quatro especialidades, entretanto já homologadas: Ortodontia, Cirurgia Oral, Odontopediatria e Periodontologia. Em breve, a medicina dentária terá sete especialidades. Será uma especialidade médica superdiferenciada.                                      A superdiferenciação, do meu ponto de vista, vai no sentido da prestação de cuidados cada vez mais atualizados e baseados no constante avanço da ciência, que cada vez mais avança a uma velocidade vertiginosa.

Mas, independentemente da superdiferenciação beneficiar a prestação dos serviços em si, afunila, de igual forma, a natureza das patologias que procuramos e dos cuidados que prestamos. Tomar a parte pelo todo pode ser, assim, um risco que corremos se, a dada altura, todos os médicos dentistas forem especialistas. Já não estou certa de que essa superdiferenciação não se faça, um dia, dentro mesmo do próprio mestrado integrado, e que as faculdades já só ponham cá fora superespecialistas.

Acredito que, e a minha experiência clínica assim o valida, ter alguém na equipa que integre todo o conhecimento da medicina dentária de umforma abrangente e inteira pode ajudar, e muito, no diagnóstico diferencial, mas sobretudo a priorizar e a ordenar no tempo tratamentos dentários integrados num plano de tratamento global. O maestro pode não tocar todos os instrumentos como executam eximiamente os músicos da sua orquestra, mas é ele que põe a orquestra a tocar, no tempo e ordem certos. Ser médico dentista maestro é a cola que aglutina todo um plano de tratamento e põe em marcha toda uma reabilitação de sucesso. Da mais simples à mais complexa. 

Tal como um médico de medicina interna toma as várias partes de todos nós e as relaciona no todo que nós somos, assim um médico dentista maestro planeia um sorriso na sua função e dimensão estética, distribuindo as notas no tempo certo para que os especialistas toquem. Não sei mesmo se um dia não teremos de criar a especialidade de médico dentista integrista. Aquele que integra o conhecimento generalista com o das especialidades, analisando o panorama, para priorizar o tratamento.

E, às vezes, mesmo a ausência dele. Tal como faz um médico internista. Não servirá só ser generalista. Assim como aos médicos, não serve só ser clínico geral para ser internista. Internista é o especialista em medicina interna, o que integra as partes para avaliar um todo. Integrista seria o especialista na mestria de integrar todas as especialidades de medicina dentária, não apenas e só um generalista.

Nesta edição de junho, a entrevista com a presidente da comissão organizadora do próximo congresso da OMD, cujo tema é “Competências em Medicina Dentária no Século XXI”, vem enaltecer a verdadeira importância de ver a medicina dentária integrada num todo em que não só as especialidades homologadas, mas também as competências como a sedação inalatória, a harmonização facial ou a medicina dentária forense, se mostram temas de escolha e interesse crescente, nomeadamente para jovens licenciados. Num congresso para generalistas, que aposta, e bem, na diferenciação das áreas e competências, um palco para os integristas pode ajudar a integrar os vários saberes e a ver o todo nas partes. E a orquestrar a superdiferenciação.

 

 

 

Célia Coutinho Alves, Médica Dentista Especialista em Periodontologia
pela OMD, Doutorada em Periodontologia pela
Universidade Santiago de Compostela

Translate:

OJD 129 JUNHO 2025

OJD 129 JUNHO 2025

VER EDIÇÕES ANTERIORES

+ Notícias

Para o bem, ou para o mal

A sabedoria do equilíbrio

O futuro da civilização

O nosso website usa cookies para garantir uma melhor experiência de utilização.