JornalDentistry em 2022-12-19

CONVIDADOS

Unidade de diagnóstico de lesões orais: que mais-valia?

A Unidade de Diagnóstico de Lesões Orais (UDLO) do Hospital de Santa Maria – Porto (HSM – Porto) foi dada a conhecer a 18 de Novembro de 2022.

Tiago Fonseca, médico estomatologista

  A UDLO do HSM –Porto nasce de um percurso assistencial hospitalar na área da Patologia e Cirurgia Oral de mais de 12 anos, com os 6 últimos a incluir também a oncologia da cabeça e pescoço. O projecto daUDLO do HSM – Porto parte da constatação que é possível oferecer uma melhor actuação a identificar e a classificar lesões da boca, nomeadamente em termos de celeridade. E, nos casos específicos de suspeita de cancro oral – em que o tempo faz a diferença! –, complementar a confirmação diagnóstica com o estadiamento da doença. A partir daí, sendo o caso, referenciar para grupos de avaliação multidisciplinar, para decisão terapêutica. O objectivo primeiro da Unidade de Diagnóstico de Lesões Orais é, pois, disponibilizar um serviço eficiente de avaliação de patologia estomatológica não dentária (não dento-periodontal). 

Através da implementação de um protocolo articulado entre as especialidades de Estomatologia, Anatomia Patológica, Imagiologia e Medicina Dentária, a UDLO do HSM – Porto permite um diagnóstico ágil de qualquer alteração dos ossos ou das mucosas da boca, com particular foco no reconhecimento imediato de lesões orais com suspeita de malignidade ou potencialmente malignas. E, uma vez mais, nas situações de confirmação de cancro oral, a UDLO do HSM – Porto possibilita a rápida verificação da extensão da doen- ça (loco-regional e à distância) e a diligente recuperação da saúde oral (prévia aos tratamentos subsequentes). 

As lesões da boca, lábios incluídos, podem ser sujeitas a várias classificações. Desde logo, lesões de tecidos moles ou duros. Ou, por exemplo, lesões planas, endofíticas ou exofíticas. Ou, ainda, lesões brancas (leucoplásicas), vermelhas (eritematosas), branco-avermelhadas (leuco-eritematosas) ou escuras (melanocíticas). É a conjugação da localização da lesão com as restantes características objectivas, imprescindivelmente sempre associada à anamnese, que permite elaborar hipóteses de diagnóstico, desde logo percebendo se a lesão é benigna ou maligna. 

Naturalmente, são as lesões malignas que mais preocupam... Mas são as lesões orais potencialmente malignas que também devem merecer a maior das atenções, precisamen- te pela possibilidade de detecção – e prevenção! – precoce do cancro oral. 

 

Segundo um artigo de revisão da Oral Diseases, de 2020, são elas: 

1. leucoplasia
2. leucoplasia verrucosa proliferativa
3. eritroplasia
4. fibrose submucosa oral
5. líquen plano oral
6. lesões liquenóides orais
7. queratose/queilite actínica
8. lesões palatinas por tabagismo reverso
9. lúpus eritematoso oral
10. disqueratose congénita
11. doença do enxerto vs hospedeiro oral

O mesmo artigo descreve, igualmente, as lesões com evi-dência epidemiológica limitada ou insuficiente de potencial maligno, a saber: 

1. epidermólise bulhosa oral
2. candidose hiperplásica crónica
3. hiperplasia verrucosa exofítica/oral

E o artigo, disponível aqui, aborda também entidades que podem pontenciar o desenvolvimento de cancro na cavidade oral, sendo elas: 

1. anemia de Fanconi
2. síndrome de Plummer-Vinson 

 

Na UDLO do HSM – Porto, a biopsia incisional ou excisional de uma qualquer lesão oral pode ser realizada no próprio dia da consulta, inclusivamente na primeira consulta. A partir daí, o resultado da análise anatomo-patológica consegue ser disponibilizado até quatro dias, em média; e, nas situações em que houver necessidade de estudo imagiológico, essa mesma avaliação consegue ser feita nos três dias seguintes. Assim, nos casos de cancro oral, a meta é que o conjunto do diagnóstico, estadiamento e encaminhamento para avalia- ção multidisciplinar estejam concluídos até 10 dias. 

A UDLO do HSM – Porto possibilita também o tratamento médico (farmacológico) ou cirúrgico (operatório) de entidades benignas, bem como a intervenção em casos malignos simples. Existe, igualmente, a hipótese de disponibilização de acompanhamento nutricional e psicológico e de orientação na higiene oral e na cessação tabágica. Por todas as razões apresentadas, acredita-se que a oferta deste serviço constitua uma oportunidade de melhor actuação clínica, especialmente numa sociedade com cada vez maior e também mais fácil acesso a informação e a possibilidade de escolha. 

A UDLO do HSM – Porto resulta da conjugação de esforços com a Unilabs e com os Serviços de Imagiologia (Grupo Pinto Leite) e de Medicina Dentária da Instituição, representados pela Dra. Lígia Prado, pelo Dr. Nuno Pinto Leite e pelo Dr. Rui Veloso, respectivamente. Da Unidade fazem parte: o Dr. José Ricardo Brandão e a Dra. Minal Honavar, médicos anatomo-patologistas; a Dra. Teresa Fernandes, médica radiologista; e o próprio Dr. Rui Veloso, médico dentista. Integram também a UDLO do HSM – Porto vários elementos de enfermagem, coordenados pelo Enf. Mário Oliveira. 

Por último, para além do agradecimento a todos os ele- mentos da Unidade, um especial obrigado ao Dr. Rui Peixoto Pinto, Director Clínico, e à Dra. Lurdes Serra Campos, Directora Geral, pela visão e aposta num projecto que, seguramente, trará mais-valia na promoção da saúde oral – e geral – da população de Portugal. 

 

tiagofonsecaestomatologia.pt 

 

Unidade de Diagnóstico de Lesões Orais (UDLO)

 

Hospital de Santa Maria – Porto (HSM – Porto) 

 

 

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