JornalDentistry em 2025-6-03
À medida que a inteligência artificial (IA) continua a ser integrada nos cuidados de saúde, um novo estudo multinacional envolvendo a Universidade de Aarhus esclarece como os pacientes dentários se sentem realmente em relação ao seu papel crescente no diagnóstico.
O veredicto? Os doentes estão cautelosamente otimistas, acolhendo os potenciais benefícios da IA, mas estabelecendo uma linha firme: os humanos devem manter-se no comando.
Sorria, está a ser filmado. A maioria de nós provavelmente já tentou descansar o maxilar numa máquina de raios X enquanto um médico dentista altamente treinado examinava se tudo estava como deveria. Mas com o aparecimento da inteligência artificial (IA), é cada vez mais provável que seja um computador, e não um humano, a interpretar estas imagens. Uma revolução silenciosa nos cuidados dentários está em curso. Mas como se sentem realmente os doentes em relação a esta mudança? Foi exatamente isso que os investigadores da Universidade de Aarhus se propuseram investigar.
A investigação, agora publicada na revista Dentomaxillofacial Radiology, explorou as atitudes dos pacientes em relação ao uso da IA na revisão de imagens dentárias, uma área com crescente adoção, enquanto pouco se sabe sobre a forma como os pacientes a percecionam.
"Vimos uma lacuna na conversa", explica o professor associado Ruben Pauwels, do Departamento de Medicina Dentária e Saúde Oral da Universidade de Aarhus. "Os médicos dentistas e os tecnólogos são muitas vezes o foco, mas a voz dos pacientes é importante para que a IA seja implementada com sucesso."
No geral, os doentes viram a IA como uma ferramenta útil de apoio ao diagnóstico que pode aumentar a precisão e a eficiência. No entanto, o estudo revelou preocupações persistentes, especialmente em relação à privacidade dos dados e ao receio de que a IA possa aumentar os custos com os cuidados de saúde em vez de os reduzir. Fundamentalmente, a esmagadora maioria dos participantes insistiu que a IA não deveria operar sem supervisão humana profissional.
O estudo também destacou nuances culturais entre os seis países envolvidos. Os participantes brasileiros, por exemplo, mostraram-se mais abertos à ideia de que a IA substituísse os médicos dentistas em algumas situações, talvez refletindo frustrações com longos tempos de espera e qualidade desigual dos cuidados no sistema de saúde do país.
As opiniões dos pacientes refletem, na verdade, as dos profissionais de medicina dentária. Pesquisas anteriores mostram que os médicos dentistas acolhem bem o potencial da IA, mas sublinham a necessidade de salvaguardas éticas e de validação rigorosa antes da adoção em larga escala.
Uma ferramenta, não uma substituição
De acordo com Pauwels, o estudo mostra que é importante tratar a IA como uma ferramenta auxiliar a ser utilizada na área da saúde, mas ter em mente que não pode substituir a expertise humana.
As nossas descobertas demonstram também a importância de comunicar claramente quando e como utilizamos a IA e de procurar ativamente oportunidades educativas para que os profissionais e os doentes compreendam as capacidades e os limites da IA. Por fim, temos a responsabilidade de avaliar e validar continuamente os sistemas de IA para garantir a sua fiabilidade e eficácia na prática clínica.
Olhando para o futuro, os investigadores esperam que as atitudes do público evoluam à medida que a IA se torna mais comum e melhor compreendida. E a Universidade de Aarhus já está a preparar-se: a partir de 2026, a formação em IA fará parte do currículo dentário, e a equipa está a desenvolver ferramentas de comunicação para ajudar as clínicas a explicar o papel da IA aos pacientes de forma clara e objetiva.
Fonte: Aarhus University / MedicalXpress
Foto: Unsplash/CCO Public Domain