O JornalDentistry em 2017-8-21

ARTIGOS

Vacinas personalizadas contra o cancro, bem sucedidas na primeira fase de ensaios clínicos com humanos

Uma vacina contra o cancro é um dos principais objetivos da pesquisa médica moderna, mas encontrar uma maneira de estimular o sistema imunológico para atingir e especificamente matar células cancerígenas provou ser uma tarefa difícil.

 Recentemente dois ensaios clínicos produziram resultados encorajadores em pacientes com cancro de pele e estão fornecendo esperança para o desenvolvimento de vacinas contra o cancro personalizadas e adaptadas aos tumores de pacientes individuais.

Ambos os estudos se concentram em neoantigénios, que são moléculas mutadas que se encontram apenas na superfície das células cancerígenas. Os neoantigénios revelam-se alvos ideais para a imunoterapia, uma vez que não estão presentes em células saudáveis. O desafio de uma vacina é treinar as células imunes do corpo, conhecidas como células T, para caçar e matar apenas as células tumorais específicas tendo como alvo os neoantigénios .

No primeiro teste,  Boston’s Dana-Farber Cancer Institute, amostras de tumores foram retiradas de seis pacientes com melanoma. Os pacientes foram identificados como tendo um alto risco de recorrência depois de terem removido cirurgícamente  os tumores. Para cada paciente individual, os pesquisadores identificaram até 20 neoantigénios específicos para cada tumor.

Foram então utilizados algoritmos de computador para ajudar os pesquisadores a selecionar quais neoantigénios específicos que melhor estimulariam  as células T do corpo. Esses neoantigénios foram então sintetizados, misturados com um adjuvante para estimular a resposta imune e injetados em pacientes individuais.

Quatro dos seis pacientes neste primeiro teste não mostraram recorrência d0 cancro 25 meses após a vacinação. Os outros dois pacientes tiveram uma recorrência de cancro, embora nesses casos o cancro já estivesse metastases ns pulmões. Após um tratamento secundário com  Pembrolizumab,  também entraram na remissão completa.

O segundo teste, realizado pela Biopharmaceutical New Technologies (BioNTech) na Alemanha, utilizou uma estratégia similar que visava neoantigénios em 13 pacientes com melanoma. Essas vacinas visavam até 10 neoantigénios específicos em cada paciente individual e, após 12 a 23 meses, oito indivíduos estavam livres de câncer.

As vacinas em ambos os estudos estimularam com sucesso ambos os tipos de células T que matam o cancro: as células CD8+ e suas células auxiliares CD4+. Os estudos também descobriram que as células T foram capazes de direcionar especificamente o tumor de um paciente.

Ainda são fases iniciais em termos de pesquisa, mas esses resultados são incrivelmente promissores. Com mais  ensaios clínicos estabelecidos para o futuro próximo, ainda está para ser visto como esses tipos de vacinas personalizadas são eficazes em diferentes tipos de cancro. Já está em andamento um ensaio clínico mais abrangente  que visa também o cancro da bexiga e do pulmão. 

Um dos grandes desafios a serem superados, se esta forma de tratamento personalizado for amplamente bem-sucedida, é o custo e o tempo no desenvolvimento dessas vacinas personalizadas. As estimativas atuais para os custo de  produção  da vacina neoantigénica,  indicam que poderá atingir os US $ 60.000 por paciente. Em paralelo com outros novos medicamentos  inovadores o custo por paciente poderia atingir várias centenas de milhares de dólares. 

O tempo necessário para produzir uma vacina individual também é uma preocupação quando se considera como esse tratamento poderia ser lançado. Demorou vários meses para produzir as vacinas em ambos os estudos, mas os pesquisadores estão confiantes de que esse prazo poderia ser reduzido para seis semanas ou menos. No entanto, isso ainda é uma quantidade significativa de tempo se o processo fosse lançado em grande escala.

Essas vacinas neoantigénicas podem abrir caminho para uma nova e excitante forma de tratamento personalizado contra o cancro, permitindo que tumores específicos sejam alvo do sistema imunológico através de vacinas personalizadas.

Os resultados do estudo do Instituto do Câncer Dana-Farber foram publicados na revista Nature, assim como os resultados do segundo ensaio por Biopharmaceutical New Technologies (BioNTech).

Fonte: Oral Cancer Foundation 

Autor: Rich Haridy 

Artigo original:  "Personalized cancer vaccines successful in first-stage human trials"

 

 

 

 

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