O JornalDentistry em 2016-3-22

ARTIGOS

O que há de novo na investigação sobre cancro oral?

Pesquisas sobre o cancro oral e orofaríngico estão a realizar-se em diversos hospitais, universidades, centros médicos, e outras instituições de saúde, permitindo conhecer melhor e tratar mais eficazmente estas patologias.

A cada ano que passa, investigadores descobrem mais sobre o que causa a doença, como evitá-la e como melhorar o tratamento.

Temas de investigação

1 —  Mudanças de ADN

Uma grande parte da investigação está a ser feito para saber quais as mudanças de ADN que são responsáveis ​​por tornar as células da cavidade oral e orofaríngica  cancerígenas. Uma das mudanças muitas vezes encontradas no ADN de células de cancro oral é uma mutação do gene p53.

A proteína produzida por este gene trabalha para impedir que as células cresçam anormalmente e também para ajudar a destruir células com danos extensos no ADN. Os danos no gene p53  podem levar a um crescimento anormal das células e à formação de tumores.  Estudos sugerem que os testes para detetar alterações no  gene p53 podem permitir deteção precoce de tumores orais e orofaríngicos.  Estes testes também podem ser utilizados para melhorar a definição da margem cirúrgica (verificação de que todas as células cancerosas foram removidas) e para determinar quais os tumores que respondem melhor à cirurgia ou à radioterapia.

Outra alteração no ADN encontrada em alguns cancros orais ocorre quando o ADN do HPV (Vírus do Papiloma Humano) se integra com o próprio ADN do paciente.  Alguns elementos do ADN do HPV podem induzir as células a produzir proteínas que inativam a proteína p53. Estão a ser realizados estudos para verificar se testes para detetar o ADN do Vírus do Papiloma Humano podem ajudar a diagnosticar estes tipos de cancro.

2— Fatores de crescimento tumoral

Os investigadores descobriram substâncias orgânicas  que promovem o crescimento celular.  Estas substâncias semelhantes a hormonas são denominadas fatores de crescimento. Os fatores de crescimento ativam as células, ligando-se ao recetores de fator de crescimento, que estão presentes na superfície exterior das células. Algumas células cancerígenas crescem muito rapidamente porque contêm mais recetores do fator de crescimento do que as células normais. Um dos fatores de crescimento que tem sido associado aos cancros orais e orofaríngicos é o Fator de Crescimento Epidérmico ou EGF.

Os cancros orais e orofaríngicos com muitos recetores EGF tendem a ser especialmente agressivos. Novos fármacos que reconhecem especificamente se as células têm muitos recetores EGF estão a ser testados em ensaios clínicos. Estas substâncias impedem os recetores EGF de promoverem a reprodução de células cancerígenas, e também podem ajudar o sistema imunitário do paciente a reconhecer e atacar o cancro. Estudos preliminares indicam que, pelo menos, um destes fármacos, denominado C225, faz com que a terapia de radiação seja mais eficaz a eliminar  cancros de células escamosas da cabeça e pescoço.

3 — Nova quimioterapia

Tem havido grandes avanços na produção de novas substâncias quimioterapêuticas que possam ser mais eficazes contra os cancros orais e orofaríngicos. A Quimioterapia Intra-Arterial (injeção de drogas em artérias de alimentação do cancro) está a ser testada em combinação com radioterapia, numa tentativa de melhorar a sua eficácia. Outra nova abordagem para o tratamento de cancros da cabeça e pescoço é a quimioterapia intralesional (injectar a substância diretamente no tumor). Até recentemente, o sucesso desta abordagem era limitada porque o fármaco tendia a espalhar-se  para os tecidos próximos e para o resto do corpo muito rapidamente.

Os avanços recentes na preparação da solução do fármaco, de modo a que permaneça localizada no tumor, têm renovado o interesse na quimioterapia intralesional, e os resultados preliminares têm sido promissores.

4 — Novos métodos de radioterapia

Diversos ensaios clínicos foram realizados para testar a eficácia de novos regimes de radiação de duas vezes ao dia no tratamento do cancro orofaríngico. Taxas de cura mais elevadas foram obtidas com dois tratamentos  destes novos regimes. Ensaios clínicos estão em andamento para confirmar estes resultados iniciais. Também têm existido progressos na redução da xerostomia (boca seca), um dos mais importantes efeitos colaterais da radioterapia de cabeça e pescoço. Uma pesquisa recente sugere que a amifostina pode ajudar a reduzir esse efeito colateral, limitando os danos da radiação nas glândulas salivares. A substância é administrada numa veia minutos antes de cada tratamento com radiação. Os efeitos colaterais da amifostina incluem baixa da pressão arterial, náuseas e vómitos. Há também, um novo protocolo para irradiar uma área a partir de vários ângulos, controlada por um novo software e com persianas de bloqueio que parece ser eficaz para evitar a destruição induzida por radiação das glândulas salivares.

5 — Vacinas

As vacinas estão a ser estudadas como uma forma de tratar as pessoas com cancro, ajudando o sistema imunitário a reconhecer e atacar as células cancerígenas. Uma vez que alguns cancros orais e orofaríngicos contêm ADN do vírus do papiloma humano, as vacinas contra estes vírus estão a ser estudadas como um complemento ao  tratamento para estes tipos de cancro.

6 — A terapia genética

Novas descobertas sobre como as mudanças no ADN das células na cavidade oral e orofaríngica podem transformar estas células em cancerígenas estão a ser aplicadas para tratamentos experimentais destinados a reverter essas alterações. Por exemplo, os ensaios clínicos estão a testar se é possível substituir os genes anormais dos supressores de tumorais (tal como o gene p53) nas células de cancro oral por uma cópia do gene normal, para restabelecer o controlo de crescimento. Terapias genéticas  para interferir com estimulantes  de crescimento causado por certos vírus do papiloma humano estão a ser desenvolvidos.  Um outro tipo de terapia genética adiciona novos genes ao ADN para que  as células cancerosas se tornem mais susceptíveis a serem eliminadas por certas drogas.

 

Fonte: Oral Cancer Foundation

Artigo original:  www.oralcancerfoundation.org/facts/whats-new-in-oralcavity.php

Veja mais em:  www.oralcancerfoundation.org/facts/

 

 

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