O JornalDentistry em 2016-6-15

EDITORIAL

Qual o caminho da Medicina Dentária em Portugal?

Desde cedo, a nossa sociedade incute nos jovens uma grande realidade: um profissional da área da saúde exerce uma função nobre e respeitada. São valores como a delicadeza, educação, dedicação e profissionalismo que formam os alicerces deste padrão.

Catarina Andrade, Estudante do 4º ano de Medicina Dentária da FMDUL Presidente da direção da Associação Académica da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa (AAMDL)

Enquanto estudante, tenho a certeza que é nestes pilares que assenta a nossa formação.
Com a evolução nas diversas áreas científicas, oportunidades de formação própria e profissional têm vindo a ser facilitadas. A Medicina Dentária está em constante
mudança, o que induz aos profissionais e estudantes uma maior procura na máxima atualização.
No entanto, a realidade económica de hoje em dia tem vindo a alterar o panorama
da nossa profissão, onde a exigência dos pacientes se confunde entre tratamentos de
alta qualidade e orçamentos reduzidos. A Medicina Dentária atual aparenta ser determinada
por padrões que não abrangem apenas a formação, conhecimento e destreza; está presente a exigência e expetativa por parte do paciente, que é cada vez mais elevada, mas por vezes este traz consigo ideias de marketing que não correspondem às melhores práticas, que aprendemos e tanto prezamos. As consequências da crise económica dos últimos anos são também bastante traduzidas na falta de empregabilidade e diminuição do rendimento
das famílias, o que levou a que grande percentagem populacional tivesse que gerir a sua vida de acordo com prioridades muito básicas colocando, consequentemente, a saúde oral em segundo plano.
Ouvimos os nossos pais e, sobretudo, avós a falar dos “Drs. com qualidade de vida”, agendas preenchidas e promessas de um futuro estável. Grandes nomes da Medicina Dentária são procurados pela sua qualidade, em Portugal e no estrangeiro, com uma carreira formada e estabilidade que também estimulam um exercício da profissão. É esta a realidade que nos espera? Infelizmente não.
Para um colega recém-licenciado esta realidade parece utópica. Este depara-se com um contexto da precariedade de emprego, onde os jovens se sentem inevitavelmente forçados a aceitar condições desfavoráveis, trabalhando em climas instáveis e muitas vezes não remunerados.
E será que a integração da Medicina Dentária no Sistema Nacional de Saúde é solução? De
uma coisa podemos ter a certeza: em prol da população, um acesso fácil aos cuidados básicos de saúde oral permite uma melhoria na saúde geral e um diagnóstico atempado de condições potencialmente malignas. Esta oportunidade favorece um aumento da empregabilidade, mas talvez não o suficiente para colmatar o crescente número de profissionais em subemprego.
Perante tudo isto, surge a derradeira questão: porquê Medicina Dentária? Porque é aquilo que quero ser e aquilo que quero fazer. Medicina Dentária porque a nobreza da profissão faz-se para além do padrão negro que surge atualmente em Portugal. Medicina Dentária porque uma força jovem pode ser o suficiente para potenciar a mudança. Medicina Dentária porque acredito nesta geração!

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