O JornalDentistry em 2016-6-01

EDITORIAL

#SlowDentistry

Este ano faço 18 anos de carreira como médico dentista. Tenho visto avanços incríveis na nossa indústria e sinto-me orgulhoso da equipa que reuni à minha volta e da filosofia de trabalho que desenvolvemos ao longo destes anos.

As novas tecnologias são algo que realmente ajuda a acelerar os tratamentos que fazemos, bem como o grau de previsibilidade do nosso sucesso. Além disso, a qualidade dos materiais que utilizamos faz toda a diferença, pois ao longo destes últimos anos há materiais que não troco por nada e há alguns mais recentes que melhoram a nossa performance.
Para além do mais é também importante falar sobre a qualidade do técnico de laboratório e fico feliz
por ver cada vez mais os médicos dentistas a reconhecerem este facto - eu sempre acreditei que o técnico
era uma enorme parte da equação de sucesso.
O que estou aqui a tentar dizer é que sucesso, longevidade na profissão, pacientes felizes, uma equipa interdisciplinar coesa e bem-disposta são aspetos que devemos ambicionar como profissionais, nesta área tão difícil. Todos temos exatamente a mesma profissão, somos médicos dentistas. E não há outra profissão na área da saúde onde a mesma pessoa possa executar uma panóplia de tarefas tão variada como na medicina
dentária. Podemos fazer desde um simples tratamento unitário até um caso complexo de reabilitação oral total. O stress diário a que somos sujeitos pela nossa profissão é permanentemente agravado pelo facto de termos de escolher que intervenções vamos realizar, baseadas no nosso diagnóstico, como é que o vamos executar e quais os métodos, matriais e custos inerentes ao ato e, consequentemente, qual a previsibilidade de sucesso
a médio ou longo prazo baseada na evidência científica e experiência clínica. Há poucos médicos dentistas que conseguem verbalizar de forma sucinta a todos os seus pacientes a incrível complexidade da nossa profissão, eu de certeza não sou um deles, mas sei que é imperativo que os pacientes entendam o “porquê” e “como” das coisas.
Recentemente fui convidado para falar na Expodental, em Madrid, em Espanha, onde apresentei a minha filosofia de “slowdentistry”. O conceito por detrás é simples: consciencializar o público que procura os nossos serviços de que há uma fórmula para o sucesso de qualquer tratamento de medicina dentária. Espero que concordem comigo: bons materiais + bom protocolo + tempo de consulta adequado + tecnologia + experiência
clinica = sucesso a longo prazo. Olhando para esta fórmula, vemos que o tempo de consulta é fundamental para o sucesso acontecer e, ao longo destes 18 anos, nunca perguntei aos meus pacientes que apareciam com tratamentos fracassados qual o tempo médio das consultas que tinham tido. Só recentemente o comecei a fazer e constatei que há uma correlação enorme entre tratamentos fracassados e tempo de consulta diminuto.
Desafio-vos a fazer essa pergunta quando virem um trabalho menos bem executado. Eu acredito que nenhum de nós vai para o trabalho com vontade de o fazer mal. No entanto, a forma como o negócio da medicina dentária está arquitetado em Portugal, com a prática de preços realmente baixos em clínicas em zonas comerciais com rendas muito elevadas, leva a que tenha de cortar-se em algum lado. Tenho visto muitas críticas sobre publicidade a promoções e preços baixos, algo que considero como sendo normal em qualquer mercado livre. Mas, tal como a campanha que se fez há 20 anos atrás, para promover o uso do cinto
de segurança em Portugal, também nós podemos alterar a forma de pensar dos nossos pacientes, amigos e famílias, o modo como veem a medicina dentária, e mostrar-lhes que a medicina dentária rápida não é o caminho para o sucesso! #saynoto30minutedentistry #slowdentistry

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